Pessoas são o maior patrimônio das organizações
Um grande problema do ser humano é lidar consigo mesmo. Conseguir administrar suas solidões, frustrações e fracassos tem sido um dilema. As exigências, as comparações, as pressões do trabalho, as fragilidades das relações familiares, as amizades instantâneas, o tempo gasto no transito e as diferentes formas de poluição. Todos esses fatores tem feito com que a qualidade de vida, principalmente, nas grandes metrópoles, caia de forma significativa. Essa situação é agravada com o número alto de bons profissionais são obrigados a estarem fora do mercado de trabalho. Como fazer a gestão de uma crise que acontece na alma? Como se manter inteiro e íntegro diante de cenários tão delicados?
Tenho a impressão que essas situações adversas têm obrigado o ser humano a parar, se ouvir, ponderar caminhos e se preocupar em tomar decisões mais acertadas. O sul-coreano Byung-Chul, doutor em Filosofia, que atualmente mora na Alemanha e é professor da Universidade de Artes de Berlim, escreveu um livro que tem sido usado por diversas pessoas no mundo. O título é “A Sociedade do Cansaço”. Dentre as várias contribuições de sua obra, Byung-Chul revela que uma das diferenças da nossa sociedade para a do passado é o estilo de vida. Nossa geração adotou um estilo de viver que gera estresse, ansiedade, hiperatividade e diferentes tipos de doenças emocionais. Na sociedade do século retrasado, bastava produzir uma medicação ou vacina que as bactérias eram eliminadas. O problema é que quando de se trata de problemas da alma ou distúrbios emocionais, o tratamento é muito delicado. Não é possível levar uma pessoa ao laboratório, abrir seu coração, fazer uma cirurgia emocional e dizer que a partir daquele momento, o cidadão não terá mais problemas emocionais.
A dimensão psíquica do ser humano ainda é muito pouco conhecida. Quando conversamos com psiquiatras, alguns relatam que há pacientes que levam anos para receber um diagnóstico coerente sobre suas doenças. Eles revelam que os critérios para qualificar uma pessoa dentro de uma das categorias das doenças emocionais ou psíquicas possui alto grau de complexidade. O seja, o ser humano é complexo. O dilema é que nossa sociedade adotou estilos de vida que formam as condições ideias para que essas doenças se desenvolvam. Por isso, as instituições têm um papel importante em ajudar a construir estilos de vida para saúde.
Provavelmente, é muito importante adotar prática que valorizem o ócio criativo, o lazer, a espiritualidade, a capacidade de ouvir, compartilhar dificuldades e busca de ajuda caso seja necessário. Empresas e instituições que já compreenderam essa demanda, têm criado ambientes saúdes e de troca no espaço. Um exemplo importante tem sido realizado pela empresa Entéuxes Engenharia que, há dois anos, inseriu o WTS Coaching em sua dinâmica cotidiana. Ela criou um ambiente no qual semanalmente os líderes de setores se reúnem no Comitê de Gestão Executiva para trocar e sempre aprendem uma lição de Coaching que apresentada para toda empresa. Os diretores também têm momentos especiais de troca, compartilhamento de dificuldades e construção de amizade, respeito e confiança. Isso acontece num jantar que ocorre toda segunda-feira. As questões atuais exigem que todas as instituições tenham o foco nas pessoas, enxergando-as como o maior patrimônio da organização.
Dell Delambre
Leider, Richard; Shapiro, David. Reorganize sua bagagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.